domingo, 22 de março de 2015

"Eu só quero ter aula"




Nos últimos dias, tem gerado bastante discussão um vídeo gravado por um estudante do curso de Administração da USP. Nele, um grupo de estudantes negros toma alguns minutos da aula para, em linhas gerais, abordar o racismo estrutural da Universidade de São Paulo, mas são interrompidos pela professora e também por alguns alunos que, nas suas palavras, “querem ter aula”. O episódio evoca uma série de temas e, entre todos eles, quero aqui destacar um perfil de estudante que as melhores universidades do país têm selecionado em seus vestibulares e, cumprindo sua função social, seguem formando em seus espaços acadêmicos: o maníaco das horas-bunda.

A expressão “horas-bunda”, curiosamente, aprendi com um excelente professor da faculdade de Letras, na própria USP. Ele, professor-titular nas três estaduais paulistas, insistia conosco na necessidade de não vermos a sala de aula como um fim, mas como um dos espaços de aprendizado. Dizia ele que muitos alunos agiam como se o simples ato de sentar-se numa sala de aula fosse o suficiente para serem bons estudantes e, para debochar dessa atitude, ele a tratava carinhosamente como um acúmulo de “horas-bunda”.

No famigerado vídeo, um jovem adulto universitário, usa o argumento do “quero ter aula” para silenciar o protesto dos jovens negros. Convidado a refletir sobre a realidade que o cercava, ele limitou-se a dizer que a aula de microeconomia não era adequada para aquele tipo de debate. No entanto, vale destacar que, antes de ele se manifestar, a reação da própria professora certamente o encorajara, pedindo que os jovens se retirassem em nome da sacrossanta aula, que não podia parar. 

Sem querer reduzir esta reflexão a um julgamento sobre a colega professora, sugiro que pensemos além: a Universidade de São Paulo não seria um espaço cuidadosamente moldado para que as questões sociais não intervenham jamais no processo tecnicista de reprodução do conhecimento? Como de outro modo professora e aluno se sentiriam tão confortáveis para negar poucos minutos àqueles que, em busca de apoio e combatendo a exclusão, adentraram aquele espaço? Aliás, se a USP – principal universidade de um dos países mais desiguais do mundo – levasse a sério sua relação com a sociedade toda e não apenas com as elites, a questão do acesso ao ensino superior não seria prioritária, ao contrário do que se vê no vídeo?
 
Sem saber, o jovem que registrou o embate entre os grupos nos brindou com uma síntese de um coquetel perigosíssimo: uma instituição ainda elitista, em meio a um país que vem lutando para combater as desigualdades que o assolam, cujo sistema de ingresso privilegia estudantes moldados na cultura do “senta e estuda”, cultuada nas “melhores escolas do país” – ou pelo menos das que mais aprovam nos mais concorridos vestibulares. 

Não é exagero, portanto, deduzir que a falta de criticidade no espaço acadêmico parece começar com vestibulares que favorecem uma formação vitoriosa no ensino do Ciclo de Krebs, dos ácidos desoxirribonucleicos e das guerras da Mesopotâmia, mas deficiente para formar cidadãos críticos e capazes de resolver civilizadamente os conflitos da vida em sociedade. Em vez da cidadania, “horas-bunda”. E vamos seguindo sem questionar as estruturas de poder e de exclusão, sem refletir sobre nossos problemas sociais (que deveriam sim ser objeto de estudo numa faculdade de economia) e sem sequer definir qual é o real papel da escola na realidade brasileira. A “Pátria Educadora” vai em frente, reduzida a um slogan cafona incapaz de dar conta de uma realidade caótica e desoladora, em que a aula de microeconomia jamais pode ser interrompida pela vida real, que seguirá batendo à porta. Cada vez mais forte.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O impronunciável "impeachment"

O ano era o aguardado 2000, que infelizmente chegou sem os carros voadores e os demais avanços tecnológicos sonhados. Na época, aqui no nosso Brasil, o "fantasma do desemprego" era dos males o pior e o clima estava - acreditem! - mais baixo astral que nestes dias estranhos (em que a crise da petrolheira causa mais indignação que a falta de água). 

Naquele ano, estive em um protesto na Rua da Consolação (cujo nome era poeticamente apropriado ao protesto), entoando um saudoso grito de guerra: "Fora já, fora já daqui/ O FHC e o FMI". 

Numa análise linguística simplória, gosto de pensar sobre a força desse "fora", dito em língua materna, quando comparado ao empolado "impeachment". O "fora" parece meticulosamente criado para o grito feroz, de uma massa empobrecida e sinceramente indignada. 

Já a palavra gringa não cabe bem na boca e nem na rua. Parece mais um  reflexo desse mundo de revoltas virtuais, em que os corretores ortográficos consertam nossos pequenos deslizes - só os pequenos - e permitem certas ousadias vocabulares. É uma espécie de "fora gourmetizado". Além disso, o termo rebuscado parece herdeiro das missas em Latim, da velha prática de "falar bonito" para fingir estar correto.  

Outra coisa bela daqueles simples versinhos era o entendimento de que não era uma questão de caráter, uma questão moral que estava em jogo. Não adiantaria tirar o FHC e manter o FMI, pois o combate era à política neoliberal que conduzia o país a uma situação realmente difícil. O grito deixava claro que a questão não era só trocar o presidente, mas acabar com um modo de gerir a economia e, por conseguinte, a nação.

Ao lembrar isso tudo, confesso que olho para os defensores do "impeachment" com um reprovável sentimento de piedade, um tipo de compaixão arrogante de quem se crê mais esclarecido que os demais. No fundo, é também uma massa explorada que até entende a necessidade de lutar, porém facilmente manipulada justamente por aqueles que deveriam ser combatidos. Em todo o caso, comparando o "fora FMI" com o impronunciável "impeachment", fica fácil distinguir engajamento de manipulação. E ainda dá uma saudade do tempo em que se protestava em português.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Por que 8 mil contas em paraíso fiscal não são notícia no ‘JN ' ?


Desde segunda-feira, os telejornais do mundo inteiro noticiaram o escândalo mundial do banco HSBC ter ajudado milionários e criminosos a sonegar impostos em seus países, usando sua filial na Suíça. Mas no Jornal Nacional da TV Globo, nenhuma palavra sobre o assunto.


Não se pode dizer que a notícia é apenas de interesse estrangeiro, pois 8.667 correntistas são associados ao Brasil, despontando como a quarta maior clientela.

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco Filho, por exemplo, confessou em depoimento à Polícia Federal, ter mantido dinheiro de propinas neste HSBC Suíço durante um período.

No Brasil, não é só a TV Globo que parece desinteressada nesta notícia. O resto da imprensa tradicional brasileira também reluta em divulgar até nomes que já saíram na imprensa estrangeira.

Um portal de notícias de Angola noticiou a presença na lista da portuguesa residente no Brasil, Maria José de Freitas Jakurski, com US$ 115 milhões, e do empresário que detém concessões de ônibus urbanos no Rio de Janeiro, Jacob Barata, com US$ 95 milhões. A notícia traz dores de cabeça também para o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB-RJ), pois Barata é chamado o "rei dos ônibus" e desde junho de 2013 é alvo de protestos liderados pelo Movimento Passe Livre.

O dinheiro nas contas pode ser legítimo ou não. No caso de brasileiros, a lei exige que o saldo no exterior seja declarado no Brasil e, se a origem do dinheiro for tributável, que os impostos sejam devidamente pagos, inclusive no processo de remessa para o exterior. Porém é grande a possibilidade de esse tipo de conta ser usada justamente para sonegar impostos, esconder renda, patrimônio e dinheiro sujo vindo de atividades criminosas. O próprio HSBC afirma que mudou seus controles de 2007 para cá, e 70% das contas na Suíça foram fechadas.

A receita federal Inglaterra, onde fica a matriz do HSBC, identificou 7 mil clientes britânicos que não pagaram impostos. A francesa avaliou que 99,8% de seus cidadãos presentes na lista praticavam evasão fiscal. Na Argentina, a filial do HSBC foi denunciada em novembro de 2014, acusada de ajudar 4 mil cidadãos a evadir impostos. Segundo a agência de notícias Télam, o grupo de mídia Clarín (uma espécie de Organizações Globo de lá) tem mais de US$ 100 milhões sem declarar.

Os dados de mais de 100 mil clientes com contas entre 1988 e 2007 foram vazados pelo ex-funcionário do HSBC Herve Falciani. O jornal Le Monde teve acesso e compartilhou com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), formado por mais de 140 jornalistas de 45 países para explorar as informações e produzir reportagens, compondo o projeto SwissLeaks.

No Brasil, o jornalista Fernando Rodrigues do portal UOL é quem detém a lista e deveria revelar o que encontrou. Porém sua postura tem sido mais de esconder do que de revelar o que sabe. Segundo ele, revelará nomes que tiverem "interesse público" (portanto, independentemente da licitude) ou nomes desconhecidos sobre os quais venham a ser provadas irregularidades.

Mas o próprio Rodrigues disse que há nomes conhecidos de empresários, banqueiros, artistas, esportistas, intelectuais e, até agora, praticamente não publicou nenhum. Nem o de Jacob Barata, de claro interesse jornalístico. Só publicou dois nomes já divulgados no site internacional do SwissLeaks (contas do banqueiro falecido Edmond Safra e da família Steinbruch), o de Pedro Barusco, também já divulgado antes, e de outros envolvidos com a Operação Lava Jato, como Julio Faerman (ex-representante da empresa SBM), o doleiro Raul Henrique Srour, e donos da Construtora Queiroz Galvão.

Rodrigues não publicou nenhum nome de artista, esportista, intelectual, político ou ex-político, contradizendo sua política editorial de revelar tudo que seja de interesse público. Jornalistas do ICIJ de outros países divulgaram os nomes de celebridades, políticos, empresários. Há atores, pilotos de Fórmula 1, jogadores de futebol, o presidente do Paraguai etc.

A cautela no Brasil é contraditória com o jornalismo que vem sendo praticado pela imprensa tradicional de espalhar qualquer vazamento, sem conferir se tem fundamento, quando atinge alguém ligado ao governo da presidenta Dilma Roussef ou ao Partido dos Trabalhadores. Esta blindagem de não publicar o que sabe só costuma ser praticada quando há nomes ligados ao PSDB ou ligados aos patrões dos jornalistas e grandes anunciantes.

Um caso recente não noticiado pela mídia tradicional foi o discurso em 29 de abril de 2013 do ex-deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), no plenário da Câmara, em que disse sobre um dos donos da TV Globo: "(...) O Sr. João Roberto Marinho deveria explicar porque no ano de 2006 tinha uma conta em paraíso fiscal não declarada à Receita Federal com mais de R$ 100 milhões (...)". Tudo bem que o ônus da prova é de quem acusa, mas se fosse contra qualquer burocrata na hierarquia do governo Dilma, estaria nas primeiras páginas de todos os jornais e o acusado que se virasse para explicar, tendo culpa ou não.


O período que abrange o SwissLeaks, de 1988 a 2007, pega a era da privataria tucana e dos grandes engavetamentos na Procuradoria Geral da Republica, enterrando escândalos de grandes proporções sem investigações.

É só coincidência, mas o próprio processo de transferência do controle do antigo banco Bamerindus para o HSBC no Brasil se deu em 1997, durante o governo FHC. Reportagens da época apontaram que foi um "negócio da China" para o banco britânico.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Lista dos premiados da SABESP - Por EL PAIS

Esta lista de clientes era secreta até agora, pois a Sabesp se negou a divulgá-la com o argumento de proteger suas relações comerciais e a privacidade de seus clientes.

Será que veremos essa lista publicada pela velha mídia do Brasil? Em plena crise hídrica, Sabesp ainda premia grandes consumidores Lista obtida pelo EL PAÍS contém 294 clientes com contratos que incentivam consumo. 

O que é de se estranhar, é que o problema do Brasil para a grande mídia é a PETROBRAS, pra eles não existe nada de errado com a SABESP até agora, incrível!!! Vale ressaltar que o que falta em São Paulo é Água e não Gasolina.


Brasil - crise hídrica em são paulo 
María Martín São Paulo 12 FEB 2015 - 22:01 BRST
Há 500 grandes consumidores de água da Sabesp que pagam preços excepcionalmente bons. Eles têm um contrato que premia o consumo, quanto maior ele for, menor será o preço pago por litro de água. É a lógica contrária à aplicada ao restante dos usuários. Mimar os melhores clientes é uma estratégia comum no mundo empresarial, exceto pelo fato de que São Paulo atravessa a pior crise hídrica em 84 anos.
Nessa lista, com data de dezembro de 2014, há condomínios de luxo, bancos, hospitais, shoppings, igrejas, indústrias, supermercados, colégios, clubes de futebol, hotéis e entidades como a Bolsa de Valores de São Paulo, a concessionária da linha 4 do Metrô, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos ou a SPTrans.
Alguns clientes [consultar lista], como o shopping Eldorado, consomem por mês cerca de 20.000 m3, o mesmo que mais de 1.200 famílias de quatro membros juntas, considerando que cada indivíduo gasta 130 litros por dia. O shopping, que recebe 1,8 milhão de visitantes por mês, não é o maior consumidor, e há quem gasta até três vezes mais, como a fábrica de celulose Viscofan no Morumbi, a campeã de consumo na lista à qual teve acesso EL PAÍS.
Alvo principal desses contratos, o setor industrial responde por cerca de 40% do consumo de água no Estado
Mas o consumo mensal desses clientes premium pode ser ainda maior porque o levantamento, que foi enviado pela Sabesp à CPI que investiga os contratos da companhia com a Prefeitura, está incompleto. Na lista, que contempla 294 clientes que assinaram seus contratos a partir de junho de 2010, há poucas indústrias. Alvo principal desses contratos, o setor industrial responde por cerca de 40% do consumo de água no Estado, conforme os dados do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE).
O atrativo dos contratos é que todos estes clientes pagam menos do que o valor de tabela aplicado para as atividades comerciais e industriais que desempenham. Para o shopping Eldorado, por exemplo, cada mil litros de água custam 6,27 reais, enquanto os clientes do setor comercial que não assinaram esse contrato pagam 13,97 reais. Um desconto de mais de 55%. Já a Viscofan se beneficia de um desconto de 75%, pois a tarifa aplicada é de 3,41 reais para cada mil litros, quando, caso não tivesse o contrato, deveria pagar 13,97 reais.
O atrativo dos contratos é que todos estes clientes pagam menos do que o valor de tabela aplicado para as atividades comerciais e industriais que desempenham
Entre os exemplos há o caso do Hotel Hilton, na avenida Nações Unidas, no distrito financeiro de São Paulo. O mega-hotel, que mantém aberto um spa e um centro fitness 24 horas por dia, além de uma piscina com vista panorâmica, consome por mês o mesmo que 751 famílias de classe média com quatro membros (11.722 m3/mês). O hotel paga 6,76 reais por cada metro cúbico, quando a tarifa comercial é de 13,97. Neste caso, o valor é menor, inclusive, do que o pago por uma família de quatro membros que paga a tarifa comum (7 reais/m3).
Dos três exemplos citados apenas o shopping respondeu aos questionamentos da reportagem. O empreendimento afirma que toma medidas compensatórias diante de seu alto consumo com o objetivo de reduzi-lo em 15%. O hotel Hilton não havia respondido até a publicação desta reportagem.
A lista secreta
Os contratos, que incluem grandes descontos no fornecimento de água e tratamento de esgoto, foram desenhados para fidelizar os que usam no mês pelo menos 500 metros cúbicos – ou 500.000 litros– o que equivale ao consumo médio mensal de 128 pessoas. Mas o objetivo da Sabesp com essa estratégia, implementada em 2002, não é só fidelizar. A companhia quer impedir que seus clientes comerciais e industriais optem pelo uso de poços privados, conforme afirma em seu último relatório enviado aos investidores.
Nesta crise, deveriam valer para todos as mesmas tarifas e condições de uso da água, porque o acesso à água daqui pra frente não pode mais ser visto como um privilégio de quem têm dinheiro
Carlos Thadeu, gerente técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
Esta lista de clientes era secreta até agora, pois a Sabesp se negou a divulgá-la com o argumento de proteger suas relações comerciais e a privacidade de seus clientes. A companhia também não esclareceu as questões enviadas pela reportagem. A falta de transparência e a vigência dos acordos e suas condições provocam críticas dos especialistas, pois, à beira de um racionamento, a companhia manteria uma política de incentivo a alta de consumo.
“Nesta crise, deveriam valer para todos as mesmas tarifas e condições de uso da água, porque o acesso à água daqui pra frente não pode mais ser visto como um privilégio de quem têm dinheiro ou contrato específico”, afirma Carlos Thadeu, gerente técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
O consumo médio destes 294 clientes representa 1,23% do total do município, segundo cálculos da Sabesp incluídos no documento enviado aos vereadores. O percentual poderia aumentar expressivamente se forem somados os 206 consumidores mais antigos que a companhia omitiu na lista, como as grandes indústrias.
O corregedor-geral da administração estadual, Gustavo Ungaro, determinou no fim de janeiro que a companhia de saneamento entregue em até 30 dias os contratos de demanda firme porque “não há como negar interesse coletivo" da informação, "quer por envolver a atuação de uma sociedade de economia mista quer por ter por objeto a administração de um bem público: a água.” Ungaro analisava recurso da Agência Pública, que em dezembro pediu duas vezes os dados à Sabesp por meio da Lei de Acesso à Informação, mas a empresa se negou a dá-los.
Medidas de contenção
Até março de 2014, o modelo dos contratos incentivava ainda mais o consumo. Até a data, ele poderia ser comparado ao de um pacote de telefonia e internet, em que o cliente paga um valor cheio por um volume (de dados ou de água) acordado previamente. Se usava menos água, portanto, pagava o mesmo valor, mas se ultrapassava a quantidade contratada pagava uma diferença.
Com o agravamento da crise hídrica, a Sabesp modificou essa obrigatoriedade de consumo mínimo, liberou os clientes para usarem fontes alternativas de água e os incluiu no programa de multas pelo aumento de consumo até os mananciais se recuperarem.
Com essa liberação, 70% dos clientes adotaram fontes alternativas e reduziram seu consumo com a companhia, segundo o documento enviado à Câmara. É por isso que na lista aparecem vários exemplos de empresas cujo consumo caiu abaixo dos 500m3 exigidos para assinar este tipo de contrato.
A companhia, porém, não inclui seus clientes fidelizados no Programa de Redução de Consumo – que premia com 30% de desconto quem economizar 20%. Assim, uma grande redução do consumo não significaria necessariamente um grande alívio na conta desses clientes.



A lista em pdf para download: Clique Aqui

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Alguns Questionamentos


 
Então o Brasil vive uma 'ditadura do PT', mas só o PT é investigado e só petistas são condenados e presos?

Se a Petrobras está 'falida', por que os donos de ações da empresa na Bolsa de Nova York não vendem suas ações, mas continuam comprando US$ bilhões?

Então a Lava Jato só investiga a Petrobras a partir de 2002, ano que Lula tomou posse? Por que não investiga antes de 2002? Para não chegar no escândalo do Banestado que enviaram ilegalmente 150 bilhões para paraísos fiscais?

Sabia que em 95, FHC mandou abrir a conta CC-5 no Banestado para brasileiros enviarem grana 'legalmente' para o exterior? Só que muitos lavaram dinheiro e enviaram para contas em paraísos fiscais. Enviaram 150 bilhões de grana ilegal para o exterior.

Sabe quem era o doleiro oficial e que foi preso no escândalo do Banestado? O Youssef, esse mesmo doleiro da operação Lava Jato. Youssef respondeu inquérito e ficou preso por pouco tempo.

Sabe quem era o juiz do inquérito do escândalo do Banestado? Pasme: O mesmo juiz Moro da Lava Jato que agora tem o reincidente Youssef como um dos principais delatores. Ué, o cara é reincidente, mas agora a Justiça Federal dá crédito ao que ele diz?

Então o Renan Calheiros serviu para ser o ministro da Justiça nos governos de FHC, mas não serve para ser o presidente do Senado nos governos do PT?


Abaixo texto retirado do site:  Brasil 247

Porque será que tucanos não são julgados?

DIÁRIO OFICIAL
O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) nomeou Carla Elias Rosa, mulher do procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa, para trabalhar no Palácio dos Bandeirantes. Ela integrará a assessoria jurídica do governo, na Casa Civil.

OFICIAL 2
Elias Rosa lidera o Ministério Público de SP, que tem entre suas prerrogativas investigar denúncias que envolvam o governo.

OFICIAL 3
"É uma assessoria jurídica técnica, e não política. Do Estado, e não do governador. Ela não teve aumento de salário. É procuradora desde 1987", diz Márcio Elias Rosa. Carla é funcionária de carreira da PGE (Procuradoria-Geral do Estado), que defende o Estado em ações judiciais.

CONHECIMENTO
Questionado se haveria problema ético na nomeação, em função da relação conjugal de Carla, o governo Alckmin afirmou que a indagação revela "profundo desconhecimento sobre o funcionamento" da PGE. Não há "qualquer conflito ético". A assessoria é órgão complementar da PGE, onde ela já trabalhava. "Eventual ação do procurador-geral de Justiça [o marido de Carla] contra o governador não tramita na assessoria jurídica do governo", diz a nota.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Impeachment não é tapetão


Quando a gente acha que já viu de tudo, depara-se com mais assombração: nas redes sociais, tem sido possível encontrar pessoas que, mesmo tendo alisado os bancos das melhores escolas, acham que ocorreria uma nova eleição em caso "impeachment". Para piorar, alguns teorizam que, se a deposição ocorre logo nos primeiros anos do governo, o segundo colocado nas eleições assumiria a vaga.


Para não deixar dúvidas, vejamos na íntegra o que diz a Constituição:
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Segundo a Constituição, portanto, caso Dilma fosse impedida até 2016, eleições só seriam chamadas depois de serem depostos também Michel Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski. Se passarmos por toda essa gente, porém, não serão mais necessárias eleições, pois certamente já teremos todos nos mudado para Miami...

Por fim, um alerta: embora minha fonte seja a própria Constituição, cujo acesso on line é relativamente simples, tenhamos cautela! Caso o advogado do Fluminense entre na parada, tudo isso pode ser alterado. Além disso, há também uma série de blogs conservadores muito mais confiáveis que a letra de lei. Se eles disserem que as regras da política são idênticas às do tapetão, amigos, confiai!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O PT e o mito do político honesto



Qualquer um que faça uso de uma pequena porcentagem da sua capacidade mental, não se presta ao papel de dizer em público que nunca houve tanta corrupção quanto nos governos petistas. Conhecendo rudimentarmente a história do Brasil e sentido vergonha de falar bobagens, ninguém diria isso.

No entanto, se o PT pode se gabar de não ter "inventado a tristeza", há um legado maldito na nossa tradição política pelo qual o PT tem sim uma responsabilidade gigantesca: o mito do político honesto.

Paulo Roberto Costa, o "grande delator" da Operação Lava Jato", afirmou literalmente o seguinte: "Desde o governo Sarney, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, todos os governos, os diretores da Petrobras e de outras empresas, se não tivesse apoio político, não chegava a diretor".

Fosse outro nosso discernimento político, estaríamos questionando que mecanismo é esse que, há tantas décadas, tem se valido do bem público para construir a riqueza privada.

Fosse outro nosso discernimento político, não daríamos atenção às convenientes lágrimas de uma Venina Velosa, pois não limitaríamos a discussão ao caráter dos envolvidos.

Fosse outro nosso discernimento político, estaríamos escandalizados com o fato de que a quase totalidade das prisões até o momento envolvam funcionários de alto escalão de grandes empresas, sem dúvida as maiores beneficiadas pela corrupção que tanto se condena.

É claro que a falta de discernimento é resultado de inúmeros fatores, mas uma coisa não podemos esquecer: quando oposição, o PT fez um debate raso sobre o tema, ajudando sim a criar o mito maniqueísta de que bastava trocar os bandidos pelos honestos. Não era isso.

Hoje, vejo muitos colegas de esquerda dizendo que, nos três mandatos à frente do executivo federal, faltou ao Partido dos Trabalhadores investir mais a sério em educação, com vistas a politizar mais o povo deste país. Concordo em termos: parece que a escolha de não politizar vem de muito antes. Talvez o Lula do sindicato, ao dizer que "trabalhador não é nem de esquerda, nem de direita", já tivesse feito essa opção. A conta, como se vê, está sendo cobrada.