Não é (ou não deveria ser)
novidade para ninguém que os grandes grupos de mídia brasileiros são todos
conservadores. É sabido também (ou, pelo menos, deveria ser) que, de modo
direto ou indireto, o pensamento dessa pequena elite influencia milhões de
eleitores no país, sobretudo os mais moralistas. Até aqui, nada de novo. O que
é intrigante, porém, pelo menos a nós do blog Marolinha, são as contradições do
voto moralista – que em hipótese alguma pode ser confundido com o nosso, o voto
marolista.
Nós, marolistas, não vemos a
corrupção na política brasileira como uma mera questão de índole: enquanto os
milhões “investidos” pelas grandes empresas forem decisivos nas eleições, os
políticos eleitos estarão em boa medida comprometidos com seus
“patrocinadores”, não com o povo. Os moralistas, ao contrário de nós, acham que
basta eleger os “honestos” e tudo se resolve.
No entanto esses mesmos
moralistas querem eleger como presidente o candidato Aécio Neves, que não nega
ter construído, quando governou Minas Gerais, um aeroporto nas propriedades de
sua família (http://goo.gl/843l4I). Além do “aécioporto”, não custa lembrar
que, em São Paulo, o PSDB, partido de Aécio, está diretamente envolvido com o
desvio de milhões nas obras do metrô, tendo como acusadores as próprias
empresas que pagaram as propinas (http://migre.me/mfHu2). Enfim, se defendem
tanto a índole individual, por que os moralistas votam em Aécio?
Outro ponto curioso: ao contrário
dos moralistas, entendemos que o uso recreativo de drogas está diretamente
ligado às liberdades individuais de cada um e, por isso, não condenamos tal
prática (tanto dos usuários de cafeína, cerveja e tabaco quanto dos de outras
drogas mais rentáveis). Apesar disso, não recomendamos a ninguém que dirija seu
carro em estado de torpor ou que desempenhe seu trabalho sob efeito de
alucinógenos.
Embora nossa posição sobre uso de
drogas choque a muitos moralistas, eles defendem a candidatura de Aécio Neves, que
se negou a fazer o teste do bafômetro em uma blitz, na qual teve a habilitação apreendida
(http://goo.gl/9Yrwp). Além disso, também não causa espanto a esse eleitorado
que, em plena campanha, seu candidato predileto tenha concedido entrevista no
“estado de ânimo” que se vê neste link (http://goo.gl/AjJB2g).
Para finalizar nossa
perplexidade, destacamos que nós marolistas não acreditamos em uma relação
direta entre grau de instrução e qualidade do voto, de novo contrariando o que
pensam muitos moralistas. Mas eles, apesar da pompa que muitas vezes adotam
para desmerecer o voto dos mais “humildes”, parecem ter a sua própria
desinformação como maior motivo para defender Aécio Neves. Do contrário, não dá
para entender esse voto.
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